quarta-feira, 19 de junho de 2013

Sentimentos de um cão...

 Sou uma vida, um ser, que algum dia encantou você, me desejou, muito me quis. Eu te deixava alegre e feliz!

Trouxe-me para seu lar; ensinou-me a te amar.
Passei então de ti depender.
Novos hábitos passei a ter vivia para te defender.
Brincávamos, passeávamos, dizia que era seu amigo do peito! Tinha por você um profundo respeito.
Você era meu dono, meu líder!
Esqueci minha natureza; troquei minha matilha pela sua família.

Um belo dia conheceu uma moça, por ela se encantou e casou. Senti que ela não gostava de mim, quando você saia ela sempre me batia.
Sentia muita dor, mas logo esquecia.
Não ligava, pois, o que me importava era que ao seu lado estava.

O tempo passou, sua esposa engravidou.
Fiquei tão feliz!Vinha uma criança!
Eu adorava brincar!
Mas minha esperança transformou-se em tristeza e solidão, pois,quando o bebe nasceu, sua esposa me botou pra fora da casa.

Tentei entrar me desesperei!
Ela novamente me empurrou; deu-me pauladas, me chutou.
AÍ você apareceu, fiquei aliviado!
Senti que estava protegido.
Eu estava salvo!

Mas para meu total desespero, você nem saiu do lugar.
Ela gritou com você, imediatamente em seu colo me pegou, para dentro de seu carro me levou.
Que bom!

Por um instante achei que tinha me abandonado…
Deu partida no carro , Dirigiu…dirigiu….dirigiu
Repentinamente a porta abriu…
Você me empurrou para fora, arrancou com o carro, foi embora!!! Meu mundo caiu, não podia acreditar.

Corri atrás de você loucamente até minha força esgotar.
Só aí percebi que tinha me abandonado.
Se não mais me queria, porque não me deu para alguém?
Estou cheio de feridas, machucado, com o corpo coberto de carrapatos, em meu rabo estou com bicheira, minha comida consigo nas lixeiras.

Não tenho mais forças para reagir.
Até a esperança de um dia você ressurgir.
O tempo e minha dor fizeram sumir.
Algumas pessoas me dão comida, outras atentam contra minha vida, mas ninguém me quer mais.

Estou velho, doente, incapaz.
Sinto meu fim, mas pelo menos encontrarei a paz.
Antes de partir para minha alma grupo, gostaria de te pedir segredo.

Não conte nada para seu filho, ainda te gosto, e tenho muito medo que ele possa copiar sua atitude e um dia quando você ficar velho; debilitado, com pouca saúde, que faça ele faça de minha historia , um exemplo a copiar e a utilize como excelente desculpa para também te abandonar , sem sentir dor ou culpa.

Assinado: seu cão abandonado

Claudia Corbal é escritora. Seu cãozinho Ronda, adotado em junho de 2009, foi sua inspiração para o poema
“Carta de um cão abandonado”.

Direitos dos Animais

"NÃO ABANDONE TEU MELHOR AMIGO"



Súplica de um cão abandonado...


Senhor transeunte, que circulas pelas ruas, avenidas e caminhos em teu trabalho cotidiano;
Eu, cão errante, porque meu dono, num momento de nervosismo, me abandonou e expulsou do seu convívio e do seu lar.
Hoje, sinto-me triste, faminto à espera de algumas migalhas de pão ou restos de comida nos depósitos de lixo.
Sinto-me envergonhado por essa miséria e sujeira que carrego, com doenças e, sobretudo, desnutrido.
Há pessoas bondosas que tem piedade de mim, embora não tenham coragem de me levar para suas casas, mas outras me repelem, espancam, maltratam, como se minha vida na rua já não fosse fácil...
Senhor, que culpa eu tenho de que os donos como o meu não tem nem um pouco de sentimento ou de dor em relação a nós, animais?
Outros cães nas mesmas condições estão sofrendo sem amparo, sem abrigo ou carinho alheio... será que é pedir muito???
Senhor, dai-me forças, fé, esperança para que um dia alguém possa ter compaixão do meu sofrimento e me retire desta triste realidade em que vivo.
Prometo, Senhor, que lhe serei fiel toda vida e defenderei sua honra com meu amor eterno.
Senhor, abençoai aqueles que, como eu, estão só, carentes e sem rumo.
Que um dia, Deus nos ilumine e nos dê proteção como Jesus perdoou os homens de má vontade e sem coração, perdidos na fé.
E, por último, peço a Deus para que abençoe a toda humanidade, para que um dia, encontremos o amor pelo próximo tão esquecido. 
Aguardo a minha hora chegar para diminuir minha dor e cansaço... acho q está bem próxima e poderei, enfim, descansar em paz...
Eu, humildemente, o cão.









sábado, 15 de junho de 2013

Encontrei seu cão...

Hoje encontrei seu cão. Não, ele não foi adotado por ninguém. Aqui por perto a maioria das pessoas já tem vários cães e quem não tem nenhum não quer um cão. Eu sei que você esperava que ele encontrasse um bom lar quando o deixou aqui, mas ele não encontrou. Quando o vi pela primeira vez ele estava bem longe da casa mais próxima, sozinho, com sede, magro e mancando por causa de um machucado na pata.

Eu queria tanto ser você no momento em que parei na frente dele! Então poderia ver sua cauda abanando e seus olhos brilhando ao pular em teus braços, pois ele sabia que você o encontraria, sabia que você não o esqueceria. Poderia ver o perdão nos olhos dele por todo sofrimento e dor que passara na interminável jornada à tua procura. Mas eu não era você. E apesar de minhas tentativas de convencê-lo a se aproximar, os olhos dele viam um estranho. Ele não confiava em mim. Ele não se aproximava.

Então ele se virou e seguiu seu caminho, pois tinha certeza de que o caminho o levaria a você. Ele não entendia porque você não o estava procurando. Ele só sabia que você não estava lá, sabia que precisa te encontrar e que isso era mais importante do que comida, água ou o estranho que poderia lhe dar essas coisas.

Percebi que seria inútil tentar persuadi-lo ou segui-lo. Nem o nome dele eu sabia! Fui para casa, enchi um balde com água, coloquei comida numa vasilha e voltei para o lugar em que o encontrara. Não havia nem sinal dele, mas deixei a água e a comida debaixo da árvore onde ele estivera descansando ao abrigo do sol. Veja bem, ele não é um cão selvagem. Ao domesticá-lo, você tirou dele o instinto de sobrevivência nas ruas. Ele só sabe que precisa caminhar o dia todo. Ele não sabe que o sol e o calor podem custar-lhe a vida. Ele só sabe que precisa te encontrar.

Aguardei na esperança de que voltasse a buscar abrigo sob a árvore, na esperança de que a água e a comida fizessem com que confiasse em mim; assim poderia levá-lo para casa, cuidar do machucado da sua pata, dar-lhe um canto fresco para se deitar e ajudá-lo a entender que você não faria mais parte vida dele. Ele não voltou naquela manhã e a água e a comida permaneceram intocadas. Fiquei preocupada. Você deve saber que poucas pessoas tentariam ajudar teu cão. Algumas o enxotariam, outras chamariam a carrocinha que lhe daria o destino que você talvez achasse que o libertaria de todo o sofrimento pelo qual porventura estivesse passando.

Voltei ao mesmo lugar antes do anoitecer e não o encontrei. Na manhã seguinte, retornei e vi que a água e a comida continuavam intactas. Ah, se você estivesse aqui para chamá-lo pelo nome, tua voz lhe é tão familiar!

Comecei a caminhar na direção que ele havia tomado antes, mas sem muita esperança de encontrá-lo. Ele estava tão desesperado para te encontrar, que seria capaz de caminhar muitos quilômetros em 24 horas.

Horas mais tarde e a uma boa distância do lugar onde o vira pela primeira vez, finalmente encontrei seu cão. A sede já não o atormentava, sua fome fora saciada, suas dores haviam passado, o machucado da pata não o atormentaria mais. Seu cão estava morto. Livrara-se do sofrimento. Ajoelhei-me ao lado dele e amaldiçoei você por não estar ali antes para que eu pudesse ter visto brilho naqueles olhos vazios, nem que só por um instante. Rezei, pedindo que sua jornada o tivesse levado ao lugar que imagino você esperava que ele encontrasse. Se você soubesse por quanta coisa ele passou para chegar lá... E sofri, sofri muito, pois sei que se ele acordasse agora e se eu fosse você, os olhos dele brilhariam ao vê-lo e ele abanaria o rabo perdoando-o por tê-lo abandonado.


quarta-feira, 5 de junho de 2013

O prisioneiro acorrentado...



Hoje é mais um dia
De tantos dias que não são dias
De uma vida que não é vida
Para o prisioneiro acorrentado

De sua comida que já é só restos
Hoje nem restos ele ganhou
Está uma tarde quente de verão
Morrendo de sede por água ele suplica
Grita e chora de sede
Mas aos berros é repreendido
Cala e sofre
Sofre e chora calado
Pois se não o fizer
Irá mesmo apanhar como condenado

O chão de sua cela é puro barro
Ele está sujo
Trancado por grades
E ainda acorrentado

Meu Deus!
Que terrível crime cometeu o coitado
Que fizera para merecer tanto sofrer
Quem é este prisioneiro acorrentado?

Ele é mais um terrível
Bandido inocente
Neste mundo naturalmente
Injusto da gente

Não sabe ele o que é viver
Alegria não sente
Antes mesmo de andar
Já foi pra corrente

Ele não conhece o mundo
Não conhece nada
Foi privado na necessidade mais necessária
A liberdade que lhe foi injustamente tirada

Única coisa que conhece
A própria cela e o frio da corrente
Nem ele sabe mas hoje é o fim de sua pena
Por algum motivo lembrou de sua mãe
Único carinho que recebera
Mas dela logo foi arrancado
E nunca mais a vera

Lembrava e sonhava sempre
Com seus irmãos e sua mãe
Acordava chorando
E ainda apanhava
Mas finalmente seu castigo chegou ao fim
A liberdade veio buscar
É a morte que chegou para o levar

Ele jamais soube o que é ser feliz
Ter amigos e brincar
Quando nasceu sonhava ser a alegria de alguém
Mas quem o torturou por toda a vida
Foi justo aquele a quem ele queria alegrar
Mas neste mundo do cruel macho guerreiro deus judaico cristão
Nem no céu os cães podem entrar

Autor do poema: Lauro Daniel